segunda-feira, 30 de junho de 2008

Amy Waxhouse

(lá vou eu bater outra vez na Amy mas, como não tenho mais nada para escrever, tem que ser)

Amy Winehouse vai ter a sua estátua de cera no Madame Tussauds, em Londres... Podiam esperar mais um mês ou dois e, em vez de ter uma Amy Winehouse de cera, tinham a Amy Winehouse embalsamada...

(mais uma à la Carlos Borrego...)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mugabe e os aspiradores


Mugabe é um tirano, Mugabe massacra o seu próprio povo, Mugabe é responsável pela situação económica desastrosa daquele que foi em tempos considerado o “celeiro de África”… Tudo isto são factos! Mas também é um facto que Mugabe sabe fazer uma campanha eleitoral eficiente.

A sua principal mensagem é simples, directa e eficiente: “Ou votas em mim ou morres!”.

Não imagino motivo mais convincente para se votar em alguém do que este. Acho que, perante isto, poucos são os que se arriscam não votar em Mugabe. É que, ainda por cima, o homem cumpre as suas promessas! Não é cá como os nossos políticos… Se o Sócrates me viesse com este argumento eu apenas respondia: “Pois, pois… tal como baixaste os impostos…”.

Imaginemos a seguinte conversa entre os responsáveis da campanha de Mugabe:

- Então que mensagem é que queremos passar?

- E que tal: “Vota Mugabe! Criaremos 150 000 novos empregos!”

- Ah! Ah! Com esse argumento só estaríamos a fazer o nosso líder passar por mentiroso… Nós queremos passar a imagem de que Mugabe é credível…

- Pois… E que tal se passássemos a mensagem de que vamos baixar a inflação? Não é difícil… Se baixássemos de 1.000.000 % para 999.999 % já estaríamos a fazer qualquer coisinha…

- Mas tu és maluco? Não vamos dar falsas esperanças às pessoas… Temos que lhes dar algo em que elas se possam acreditar, temos que lhes provocar emoções fortes, temos que lhes fazer sentir que têm obrigatoriamente que votar em Mugabe… Temos que criar o nosso próprio “Yes, we can!”…

- Pois… E que tal “Vota Mugabe! Mugabe não é canibal”?

- É uma boa ideia… Mas não vamos mentir às pessoas…

- Espera aí! Tive uma ideia! E que tal: “Vota Mugabe, senão morres!”. Não é impossível de cumprir, é uma mensagem simples e vai fazer-nos ganhar muitos votos… De facto, apelarmos ao instinto básico de sobrevivência das pessoas elas não têm outra hipótese… A vitória é garantida!

- Porreiro, pá!


De facto usar a morte para vender produtos é imbatível. Eu quero lá saber dos 150.000 empregos, eu quero é que me deixem viver!

O engraçado é que este tipo de tácticas também é aplicável no campo não político. A Nike podia fazer o anúncio mais espectacular do Mundo, se a Adidas nos dissesse que morríamos se não comprássemos os seus produtos não tínhamos hipótese…

Imaginem os seguintes slogans e vejam se não vos faziam ir correr para o supermercado:

“Se queres viver usa Pasta Medicinal Couto”

“Compra Bacalhau Pascoal ou levas um tiro nos cornos”

“Salsichas Nobre: se não as comeres… Morres!”

“Vodafone: se não usares os nossos telemóveis, bem que podes ir ver se apanhas rede debaixo da terra…”

“Se não quer que o seu bebé conheça o Criador antes de começar a andar, compre-lhe fraldas Dodot… Já!”

“Coca-cola: E se o menino quer continuar a viver, tem de beber este copo até ao fim… e vai acima e vai abaixo e vai ao centro…”

“Brise: Gostas de respirar, não gostas?”

“Mercedes: Ou compras um ou és atropelado por um, agora escolhe…”

“Óleo de fígado de bacalhau: Aqui o que interessa não é se gostas ou não, é se queres viver ou não…”

“Evax: Sentes-te viva, sentes-te bem!”

“Super Bock: Não beber Super Bock mata!”


Bem, acho que já estou a exagerar um bocado… Já devem ter percebido a ideia… Contudo a sua eficiência não é um dado adquirido. Não basta insinuar, há que cumprir. Para isto funcionar teria que haver uma forte ideia de uma morte iminente. Não é como o tabaco em que as pessoas lêem que o tabaco mata e ainda se dão ao luxo de continuar a fumar: “Olha para mim a fumar, não morro, pois não? Ah! Ah! Ah! Lá vai mais um prego para o meu caixão...”. Se houvesse um sniper escondido a alvejar todos aqueles que sacassem do seu cigarrinho queria ver se continuavam a fumar… Acabava-se com esse flagelo do tabagismo... Acho que a essência da campanha de Mugabe está aí… É que se não votas nele, podes morrer mesmo… O único problema é que se votares, é muito provável que também acabes por morrer…

Para finalizar, devo admitir que, há bem pouco tempo, usaram este argumento comigo. Passo a contar a estória. Veio um senhor cá a casa fazer uma demonstração de uns aspiradores XPTO. Sem qualquer compromisso, até lhe estávamos a fazer um favor ao deixá-lo fazer a sua apresentação… Para nós foi perfeito, para além de ajudarmos o homem, não conseguíamos imaginar um programa mais fascinante do que passar duas horas a ouvir falar de aspiradores…

Fiquei espantado com a capacidade do objecto. Era, de facto, fantástico e fiquei a saber que o local onde habito é pouco diferente de uma pocilga e, também, que partilho a cama com uma civilização de ácaros (é incrível, os bichos conseguiram-me levar para a cama e nem “Amo-te” disseram… Nem sequer uma prendinha, nem um jantar à luz das velas… Nada! Senti-me um bocado violado…) Isto para a minha mãe foi um grande choque, mas não é o suficiente para desembolsar 2500 euros num aspirador… Ok! Está sujo, mas nem sequer se vê… Não basta isso para nos fazerem estoirar 2500 euros… Foi o argumento final do homem que quase nos convenceu a hipotecar a casa (a nossa imunda habitação) para adquirir a tal engenhoca. É que o senhor, com toda a naturalidade de quem invade a casa de um estranho, depois de discorrer durante duas horas sobre as qualidades de um aspirador, fez questão de nos dizer que ao optarmos por não comprar o dito aspirador, estávamos a correr risco de vida. Íamos acabar por ser vítimas de homicídio dos nossos amiguinhos microscópicos (não lhes chega meterem-se na nossa cama e no nosso sofá contra a nossa vontade, ainda querem matar-nos). Esteve quase, quase, quase a convencer-nos… Se ele se tivesse feito acompanhar de um ácaro armado de metralhadora era muito provável que o tivesse conseguido…

domingo, 22 de junho de 2008

Trabalhadores do Mundo, buzinai!


De todos os protestos com que o nosso primeiro-ministro tem sido presenteado o buzinão é o mais ridículo. Não é tão estúpido como apedrejar camiões mas é o mais ridículo.

Supostamente, quando protestamos pretendemos assinalar uma situação que nos é prejudicial com o objectivo de a mudar. Com o nosso protesto devemos mostrar o quanto isso nos afecta e fazer algo, de certo modo, proporcional: desde a imolação pelo fogo e a greve de fome até à manif, existe um denominador comum que é o auto-sacrifício, ninguém se imola pelo fogo ou anda aos berros, sujeito a condições climatéricas adversas e ao contacto com aquela malta irritante que vai às manifs, porque gosta. Fazem-no para mostrar o seu descontentamento face a determinada situação e para se poderem fazer ouvir.

Qual é a mensagem que o buzinão passa?

“Estou tão revoltado com a situação x que, de dentro do meu carro topo de gama, com ar condicionado enquanto ouço o novo CD da Mariza, vou buzinar e esperar que outros tipos tão preguiçosos e tão privilegiados como eu com a posse de um carro me acompanhem nesta sinfonia”. Qual é o objectivo disto? Furar os tímpanos ao Sócrates até este satisfazer as nossas exigências? Chatear um bocadinho? Acho que nem isto conseguem visto que o efeito final de um buzinão não é muito maior do que aquele provocado por alguém que se atrasou um bocadinho a passar um vermelho e é incomparável com o que se passa durante as horas de ponta. Qual é o objectivo de protestar da mesma maneira com que se festejam as vitórias de Portugal no Euro? Agora que Portugal foi eliminado, o único efeito de um buzinão vai ser fazer-nos pensar que fomos subitamente transportados para uma realidade paralela em que demos 7-0 à Alemanha…

Acho que está na natureza dos portugueses gostarem de buzinar, somos um povo buzinador, hábito esse que deve ter começado no tempo dos Descobrimentos, em que, depois de feitos como o dobrar do Cabo da Boa Esperança e a descoberta do caminho marítimo para a Índia e à falta de outros meios de comunicação, fazíamos o máximo de chinfrineira que conseguíssemos para dar a Boa Nova aos nossos compatriotas. O hábito manteve-se e hoje fartamo-nos de buzinar quer seja para protestar, quer seja para festejar, quer seja para insultar, quer seja para elogiar (qual é a mulher que durante um passeio nunca recebeu, como aprovação pelos seus atributos físicos, uma buzinadela de camião?).

É por isso que não me parece que o primeiro-ministro leve a sério as reivindicações daqueles que buzinam.

É a mesma coisa que, numa troca de argumentos, dar um peido com o intuito de complementar a nossa inépcia para a retórica e esperar ganhar a discussão. Quando muito ganhamos por falta de comparência, mas nunca é uma vitória a sério. Um amigo meu que é advogado usou esta táctica uma vez e a única coisa que conseguiu foi que evacuassem o tribunal. Obviamente que desistiu da sua carreira de advogado para se dedicar à política. Mas nem aí teve muito sucesso visto que consegiu trocar a flatulência por um tipo de argumentação ainda mais absurdo. Coitado do meu amigo Pedro Santana Lopes!

Quando Marx apelou à união dos trabalhadores jamais pensou que esta fosse sob a forma de um buzinão. Jamais pensou que os trabalhadores se juntassem nos seus poluidores, confortáveis e dispendiosos veículos para azucrinar a cabeça a quem os explora… Até porque se fossem mesmo explorados não teriam um carro. É que isto de buzinar não é nada democrático visto que deixa de fora todos aqueles que não têm hipóteses de ter um veículo calando, por exemplo, todos aqueles que vivem com o ordenado mínimou ou todos os que andam de transportes públicos, por opção ou por necessidade. Os comunistas chamar-lhe-iam um protesto burguês. Hoje em dia, em vez de uma ditadura do proletariado temos uma ditadura dos proprietários de veículos.

Que Deus me perdoe o que vou dizer (eu logo pago-lhe um copo… Além disso ele está-me a dever uma desde a derrota de Portugal…): O uso do buzinão vem legitimar o terrorismo como forma de protesto, quer porque é uma maneira menos irritante de fazer valer as nossas opiniões,quer porque é uma forma mais do que justa para lidar com os buzinadores.

sábado, 21 de junho de 2008

O Segredo


Já todos ouvimos falar do "Segredo". Aquele livrinho com um título obscuro e com um design obscuro, que apenas nos promete a felicidade eterna, obrigando-nos a desfolhá-lo e, em muitos casos, a comprá-lo. Eu não li o livro mas ouvi dizer que o Segredo é imaginar com muita força que queremos algo, bastando isso para o conseguirmos. Acho uma ideia fantástica! Eu não percebo porque não prestam mais atenção a estes autores. Sim, senhor. Eu acho mesmo que eles não têm a atenção que merecem. Acho que para além daqueles milhões de leitores que engolem entusiasticamente todas as patranhas que lhes impingem eles merecem muito mais, visto que este livro tem o potencial para mudar o Mundo!

Pode revolucionar, por exemplo, a ajuda humanitária. Em vez de comida e medicamentos, porque não distribuir a estas pessoas cópias do "Segredo"? São mais leves do que sacos de arroz e valem mais do que sacos de arroz. Ao lerem o "Segredo" as pessoas poderiam desejar os sacos de arroz que quisessem e desejar que as minas antipessoais desaparecessem que isso aconteceria. Penso que passado algum tempo o Darfur adquiriria um nível de desenvolvimento superior ao da Suécia. Será que ninguém, entre os milhões de pessoas que consumiram esta jóia da literatura, desejou isto? Será que as pessoas que lêm livros de auto-ajuda são egoístas? "Em vez de desejar o fim da pobreza, vou desejar uma marquise e um Fiat Punto". Se calhar o segredo era oferecer o "Segredo" às misses! Essas sim, são altruístas e estão genuinamente preocupadas com o Mundo só que, infelizmente, não sabem ler... Acho incrível a possibilidade de alguém ter na sua mão o Segredo para mudar o Mundo e torná-lo num sítio melhor e optar por umas férias em Benidorm... Se calhar é mesmo um mundo que não vale a pena mudar...

E tenho outra questão para o Sr. Segredo:

- Sr. Segredo, imaginemos que o Sr. A deseja um milhão de euros, um Lamborghini e uma amante sueca e o Sr. B deseja que o Sr. A não tenha um milhão de euros, um Lamborghini e uma amante sueca, quem ganha?

Se ficar tudo na mesma ganha o Sr. B (o invejoso), se não ficar tudo na mesma ganha o Sr. A (o ganancioso)... Como se resolve isto, Sr. Segredo? Como se faz essa opção pelos desejos de um em detrimento dos desejos de outro? Avaliam quem merece mais e quem merece menos?

E se eu desejar com muita força que se queimem todos os exemplares do Segredo? Como resolvem este dilema entre o desejo de uma pessoa e a vossa necessidade de enriquecer à custa da esperança e da ganância de milhões de pessoas?

Confesso que, perante esta auto-ajuda do "Segredo", preferiria a auto-ajuda de Severiano Alambique. Apesar de duvidosa, resultaria mais...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Últimas palavras

Alguém já se deve ter lembrado disto, mas pronto, aqui vai:

- Quais foram as últimas palavras do camionista atropelado em Alcanena?
- "Furar o protesto? Só por cima do meu cadáver!"

Um bocadinho de humor fácil quando não há tempo para mais...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Dia da Raça

Hoje é um dia muito especial para todos os Portugueses. Como todos sabemos, hoje comemora-se o dia da raça! Milhares de crianças portuguesas saem à rua exultantes por este dia que, para muitas delas, é bem superior ao Natal. É o dia em que entoamos cânticos de glorificação à nossa raça como “A Portuguesa”, o “Malhão”, o “Allez, Portugal, allez!” e o “Menos ais”. É o dia em que lembramos comovidos os grandes feitos da nossa raça como a descoberta do Caminho marítimo para a Índia, a batalha de Aljubarrota, o pontapé de Marco, o 5-3 contra a Coreia e o 3-2 contra a Inglaterra. É o dia em que mandamos mensagens de telemóvel a todos os nossos amigos a desejar um feliz dia da raça e o dia em que as discotecas oferecem duas brancas a todos os que demonstrarem que são da raça.

Eu confesso que gosto muito do dia da Raça (principalmente quando este calha a uma terça ou a uma quinta) mas, sinceramente custa-me perceber, nos dias de hoje, que só a nossa raça tenha um dia para a comemorar. Gostava que também os caniches, os rottweilers, os Cockers Spaniel, os rafeiros pudessem comemorar também um dia da sua raça. É muito bonito isto das raças mas, neste país, parece que umas têm mais pedigree que outras.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Eu fui


“Eu fui”. Duas palavrinhas: um pronome e um verbo que, por si só, não significariam nada, a não ser como resposta a alguma pergunta. No entanto, antes de dizer que ontem estive no Rock in Rio, vocês já o perceberam, tal o poder deste slogan. Estive presente num dos dias “rock” do evento. Um dos únicos dias que dá algum sentido ao nome do festival, que, apesar de ter rock no nome, de rock tem muito pouco. Já para não falar do rio, outro aspecto do nome do evento que não percebo… não percebo o que querem dizer: Rio de Janeiro? Não me parece, isso é lá no Brasil… Rio Tejo? Um bocado longe e, ainda que fosse perto não faria sentido na mesma já que Rock in Rio significa Rock dentro do Rio. Implicava calçarmos todos as nossas barbatanas e vestir uns escafandros para assistir a uns concertos subaquáticos, o que até tinha piada, mas não é o caso… Rio de urina? Pronto, acho que sim… aí, o nome já começa a fazer sentido. Usar aquela consequência desagradável da concentração de dezenas de milhares de pessoas (que fazem xixi e cocó e vomitam… como os Nenucos) para dar o nome ao festival é muito audaz da parte da Organização! Não sei quem é que, da organização, achou que seria positivo baptizar o festival em honra das condições sanitárias do mesmo. Apesar de já sabermos que no final do primeiro dia do festival, vai serpentear pelo recinto um gigantesco rio de urina não é muito boa manobra publicitária… Rock in Rio!

Sei que é uma analogia estúpida, isto do nome e das condições sanitárias do festival, mas já tiveram a oportunidade de ir à casa de banho de um evento destes? Eu sei que ser homem é uma grande vantagem e, graças à nossa versatilidade anatómica, podemos alimentar o leito do Rio de urina de qualquer lado… E as raparigas? E os sólidos? Eu deixei de me sentir intimidado com filmes de terror, com idas ao cemitério à noite e com jantares com o Conde Drácula depois de ter entrado numa Toi toi. É, simplesmente, o cenário mais assustador que vi na minha vida. Um exíguo espaço de um metro quadrado, com luz suficiente apenas para nos deixar imaginar que tipo de resíduos estão à nossa volta. E, como se não bastasse, depois de se fazer o que se tem que fazer, surge uma questão: onde se lavam as mãos? Em lado nenhum! Acabámos de sair do sítio mais imundo do Universo e não temos onde lavar as mãos… E com a nossa falta de higiene podemos nós bem… Então e os outros? É inevitável pensar nas mãos de todos os milhares de pessoas que tenham entrado na Toi toi, nas mãos daquele bêbado que se empoleirou em nós durante o concerto de Moonspell, nas mãos da senhora que nos serviu a bifana, nas mãos da nossa namorada que acabámos de beijar… Apercebemo-nos que as Toi tois, devido à transmissão de germes, estão omnipresentes em todo o festival.

Agora que me apercebi que acabei de escrever mais de 1000 páginas sobre as casas de banho dos festivais, depois de escrever um post sobre flatulência no mundo das celebridades, começo a ter uma noção daquilo que me vai na cabeça, por isso vou parar por aqui e deixo o resto à vossa imaginação. Acho que já a espevitei bem… Tão cedo não vou ter mais conteúdos escatológicos neste blog! Prometo!

Relativamente ao festival em si é sempre uma experiência enriquecedora. Antes sequer de entrarmos no recinto somos revistados cerca de 5 vezes. Vão às nossas garrafas de água e tiram-lhes a tampa, o que é completamente estúpido! Se levamos garrafas de água na mochila é para o caso de termos sede. É normal que elas estejam fechadas! Vamos abri-las quando tivermos sede e a tampa é para as fecharmos quando não tivermos mais sede… É uma bela invenção, com alguns anos, mas ainda assim admirável! E o que é que os polícias fazem? Abrem-nas e deitam fora a tampa: passando-nos a mensagem de que ou as bebemos de penalty ou vamos andar com elas abertas até termos sede. E qual é o argumento para isto? “Ah, é para não atirar aos artistas”. Amigos, se eu quisesse fazer o que quer que fosse aos artistas tinha um recinto cheio de pedras à minha disposição (fiz questão de reparar nisto) e se eu fizesse mesmo questão de lhes atirar com garrafas de água fechadas eles vendiam-nas dentro do festival… OK, vendiam-nas por 2 euros o que nos causaria alguma hesitação no momento de as atirar à cabeça do baixista dos Machine Head mas a oportunidade está lá... Eu não os quero acusar de nada, longe de mim fazer juízos de valor sobre as pessoas da organização, mas será que nos tiram as garrafas para sermos obrigados a gastar 2 euros lá dentro? Mais uma vez não estou a acusar ninguém, só estou a levantar a questão…

Ainda antes de entrar no recinto somos bombardeados com publicidade. Dão-nos chiclets, porta-chaves, panfletos… Tudo material extremamente útil que acaba, invariavelmente, no chão! O que vai de encontro à mensagem social do Rock in Rio: “Ah! Temos que salvar o planeta e não sei quê porque senão fritamos todos…” (isto é uma citação do vídeo que a Gisele Bundchen gravou para o Rock in Rio que passava entre os concertos… Ora aí está uma boa ideia! Acho que a solução para salvar o ambiente seria oferecer uma Gisele Bundchen a todos os homens… Não imagino melhor incentivo! Quais benefícios fiscais para quem usa energias renováveis! A solução era ter uma Gisele Bundchen atrás de nós a avisar-nos sempre que precisamos de fechar a luz oua dizer-nos que tipo de embalagem colocamos no recipiente amarelo ou a impedir-nos de gastar tanto em aquecimento naquelas noites frias… É preciso é haver vontade política, porque se realmente quisessem salvar o Mundo era muito fácil…).

É então que entramos e percebemos que gastámos 53 euros não por causa dos concertos mas para entrar num espaço publicitário tridimensional. Acho que devia ser obrigatório colocarem a palavra “PUB” no canto inferior direito da nossa visão para podermos estar no Rock in Rio, tal é a invasão publicitária a que somos submetidos. O espaço abre às 15h para nos dar a oportunidade, a nós, que pagámos bilhete, de usufruir à vontade de toda a oferta publicitária disponível. E o incrível é que para usufruir da publicidade e recebermos os devidos brindes temos que passar meia hora em filas. É o Millenium que teve a ideia genial de oferecer Mohawks vermelhas (acho que fizeram um estudo de mercado em que descobriram que as pessoas têm uma maior preferência por bancos em que oferecem Mohawks vermelhas… será porque, com uma Mohawk vermelha, ficamos mais parecidos com o filho do Jardim Gonçalves?), é a Vodafone que tem uma pista de neve artificial em que temos que esperar meia hora para uma descida alucinante de 3 segundos numa bóia, é a zona da Toyota que tem o Nilton a dinamizar um jogo de tetris humano (o ponto alto da carreira de um humorista: dinamizar um jogo de tetris humano! Espero mesmo que tenham dado um carro ao homem…), é a Seguro Directo que dá umas bóias em forma de pato para o pessoal meter à cintura (será que é para não nos afogarmos no rio de urina? Pronto, chega de escatologia)… Concluindo, depois de uma hora na Cidade do Rock já parecemos um Pai Natal de brindes: peruca do Millenium, a bóia da Seguro Directo, t-shirt da LG, um carregamento industrial de pacotes de Trident, mochila da SIC, barrete de campino do Licor Beirão, sofá insuflável da Vodafone, lenço da CP (isto são tudo brindes verdadeiros, podia exagerar mas não o fiz… é escusado fazê-lo quando a realidade é exagerada que chegue…)… Enfim, transformamo-nos num painel publicitário ambulante! Perdemos a comodidade de quem não anda de peruca, sofá insuflável, bóia, etc. para nos tornarmos num outdoor publicitário! Um conceito genial! Nós achamos que estamos a ganhar brindes quando afinal estamos a vender-nos como painéis publicitários… Perdemos em comodidade aquilo que as marcas ganham em publicidade!

E sobre os concertos? Não há muito a dizer… Gostei muito de Machine Head! Da música que eles tocara durante hora e meia (pelo menos pareceu-me só uma música), que eles iam interrompendo de vez em quando para nos dizer quão fucking crazy e amazing nós éramos… E nós, orgulhosos, gritávamos por Portugal e dávamos sonoros “Yeahs” como se aquilo fosse o maior elogio que nos podiam dar, como se a Gisele Bundchen nos estivesse a dizer ao ouvido que nós éramos as pessoas mais sexys e com a melhor personalidade que ela conhece… É incrível como reagimos mais histericamente a um “fucking crazy” do vocalista dos Machine Head do que a um elogio da Gisele Bundchen. Seria engraçado responder a um elogio da Gisele Bundchen com um sonoro “Yeah!” na cara. Acho que ela ia gostar.

E porque diziam os Machine Head que nós somos malucos? Porque, de facto, somos malucos… Somos malucos ao ponto de, por livre e espontânea vontade, andarmos à porrada com completos desconhecidos (num ritual tremendamente homoerótico, diga-se de passagem...), correndo o risco de partir dentes, pernas, braços, só para apreciar a sua música… Os apreciadores de moshe dizem-me que essa é a melhor maneira de apreciar música pesada… Mas, é impressão minha ou passar duas horas à porrada, para além de ser uma excelente maneira de adquirir danos neuronais (ou neste caso, agravar os que já se têm), impede-nos de apreciar devidamente o espectáculo? A qualidade da música, a qualidade dos intérpretes, a mensagem passada… Estou a ser exagerado, eu próprio, depois de 15 minutos a ouvir Machine Head, já estava com vontade de partir tudo à minha volta! Acho que aquela música desliga-nos aquele interruptor no cérebro que impede que nos tornemos autênticos animais selvagens… Aquele que o Bruno Alves tem sempre desligado… O que não é mau de todo! Acho que se toda a gente fizesse moshe pelo menos uma vez por semana, este Mundo seria um lugar melhor! Temos muita raiva dentro de nós e qual a melhor maneira de libertá-la do que em desconhecidos? Assim não fazemos mal a quem nos rodeia… Acho que a solução para o problema do Médio Oriente passaria por aí… Moshes semanais…

Mas eu confesso: não sou homem, nem fucking crazy o suficiente para andar no moshe… Chamem-me cobarde, mas se conhecessem a minha história pessoal percebiam (mistério…).

Acho também piada ao facto de, num concerto, perdermos completamente a nossa identidade… Deixamos de ser o Manuel, o João ou o Alberto para sermos “o público”. E "o público" é capaz de tudo. Ou melhor, “o público” é capaz de fazer tudo o que o James Hetfield nos peça aos berros: desde cantar, gritar, gesticular furiosamente ou imolar-nos pelo fogo em nome de Alá… Enquanto somos “o público” somos capazes de tudo. E, para dizer a verdade, estar num concerto é o mais próximo que eu alguma vez estive de estar num comício do Partido Nacional Socialista… Não é que não goste, mas é poderosamente assustador… Sinto que estou rodeado de pessoas que gritariam “Morte aos Judeus” se o James mostrasse que ficaria relativamente bem impressionado se o fizessem…

Sempre preocupados com a conjuntura económica actual os Metallica cantaram “Give me fuel, give me fire, give me that wish I desire”, entrando na mente e expressando a vontade de milhares de portugueses e solidarizando-se com os nossos pescadores… Ficou-lhes bem! Até porque eu, para lhes fazer a vontade, “dei” 50 euros de fuel para os ir ver… Mas valeu a pena!

P. S. Para que ficou com a ideia que eu detestei o Rock in Rio desengane-se! Eu adorei, mesmo com a cena das casas de banho, da publicidade e da porrada… Usei este tom apenas para vos falar da minha experiência sem sair do espírito habitual deste blog! Foi um dia muito bem passado, na companhia de amigos e tive a oportunidade de ver uma das minhas bandas preferidas, a banda da minha adolescência: os Metallica! À terceira foi de vez! Finalmente consegui ir vê-los (a porcaria dos exames impediram-me das outras duas vezes) e foi memorável! Todos os artistas se aguentaram de pé e ganhei um belo barrete de campino para usar nos jogos da selecção! O que é que poderia querer mais? Ah e, a bem da justiça, até gosto de Machine Head! Não é a minha banda preferida, nem o meu género preferido, mas até são bons! E Apocalyptica e Moonspell estiveram muito, muito bem! Moonspell já esperava mas Apocalyptica é diferente de tudo o que eu já vi até agora. Quatro virtuosos do violoncelo e um baterista fazem maravilhas e mostraram-me que é possível fazer rock de todas as maneiras possíveis! O que é preciso é criatividade! O que consegui ver de Wray Gunn (visto que andava tão ocupado em compromissos publicitários distraí-me com as horas e não consegui estar lá desde o início...) foi também espectacular. O Paulo Furtado é o maior! E, apesar de sozinho ser também muito bom (Legendary Tiger Man) está muito bem acompanhado em Wray Gunn!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Tal e qual como nós...




Nunca como agora a máxima de Andy Warhol fez tanto sentido. Numa altura em que vale tudo para conseguirmos os nossos 15 minutos de fama (gravando discos que ninguém ouve, sendo candidatos à liderança do PSD, sendo vizinhos de um serial killer, sendo serial killers, atravessando a ponte 25 de Abril usando apenas um chapéu de Napoleão e umas botas de salto alto enquanto gritamos “Parem de buzinar! Sou apenas um mensageiro do Deus da Água Posídon!”) as celebridades surgem-nos como uma espécie de divindades. Autênticos deuses que conseguiram eternizar os seus 15 minutos. São amadas, são admiradas, são perseguidas, são acusadas de pedofilia… São tudo menos humanas… Quantos de nós não ficariam embasbacados se nos cruzássemos amanhã com o Robert De Niro na fila para o autocarro? Quantos de nós não ficaríamos de boca aberta se víssemos a Angelina Jolie no Lidl a escolher o atum mais baratucho (para conseguir sustentar tantos filhos é normal que seja poupadinha...)? Quantos de nós não ficaríamos surpresos se estivéssemos presentes numa reunião com o Tom Cruise e com um grupo de marcianos a elaborar um plano para dominar o Mundo (eu, pelo menos, fiquei, não esperava isso do tipo do Top Gun...)? Quantos de nós não ficaríamos estupefactos se víssemos o Carlos Cruz numa casa de Elvas onde se fazem orgias com crianças?

É incrível o estatuto que as celebridades adquiriram! E, nomeadamente para nós, homens, as do sexo feminino. Autênticos ídolos da perfeição! Autênticas deusas! Figuras centrais das fantasias de milhares de homens por esse mundo fora. Tão inalcançáveis que as mulheres nem têm ciúmes… Quantos de vocês não fantasiaram com a Angelina Jolie? Quase todos! É inevitável! (No entanto garanto-vos que ela não é grande coisa na realidade. Não é aquilo que pintam. Vi-me obrigado a dispensá-la para o Brad Pitt que anda sempre a cheirar o meu caixote de lixo. Lá lhe deixei ficar com a Angelina, dei-lhe uma festa na cabeça e foi ele todo contente a abanar o rabo para a sua casota, como se tivesse conseguido uma grande coisa. O raio do bicho).

É por isso que quando Cameron Diaz e Eva Mendes se juntam para fazer concursos de gases ficamos completamente surpresos! Quem diria que elas eram companheiras de flatulência? Ou, numa linguagem mais moderna: "farting buddies" (gostaram deste estrangeirismo que inventei? Estão à vontade para usá-lo nos vossos jantares de família ou nos vossos encontros amorosos, situações mais propícias para este tipo de celebração acontecer)? Não conseguimos imaginá-las como humanas, muito menos como pessoas que se peidam à força toda, que empestam o ar com autênticas armas de destruição maciça gástricas, que libertam rajadas de metralhadora pelo ânus (é incrível a conotação bélica que eu dou aos traques!) e que, ainda por cima, se divertem com isso… E então, rapazes? Excitados? Ao fim ao cabo, elas são como nós… Tal e qual como nós...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Força selecção!


De acordo com o calendário Maia o Mundo acabará algures em 2012... Isto só significa uma coisa: em princípio, só temos uma oportunidade para ganhar o Euro!

Força rapazes! Antes do cataclismo final dêem-nos essa alegria!