Quando vi o título de capa da Visão desta semana assustei-me... "Será que descobriram um vídeo caseiro do Marcelo Caetano na intimidade", pensei eu. Como se não estivessem a acontecer coisas suficientemente más por esse Mundo fora ainda íamos ter que levar com um vídeo porno do substituto de Salazar vestido de empregada doméstica e a ser açoitado por uma matrona vestida de inspector da PIDE... Afinal não era... Nem tudo é tão mau quanto parece...
É incrível o efeito que uma ambulância provoca no trânsito em hora de ponta. É muito semelhante ao efeito que o Moisés provocou no Mar Vermelho (pelo menos como eu o imagino). É impressionante a maneira como estas criam espaço onde ele não existe...
Hoje em dia, o mais próximo que podemos estar de alguém que adivinha o futuro é estar a ver um jogo de futebol na televisão ao pé de alguém que está a ouvir o mesmo jogo no rádio. É das coisas mais execráveis que se podem fazer a alguém! E, mais importante do que isso, faz-me prezar cada vez mais o livre arbítrio em que firmemente acredito. Basta os tipos estarem 5 segundos adiantados em relação a nós para estragarem completamente a experiência de ver um jogo de futebol: em relação às coisas más retiram-nos toda a esperança, já sabemos por antecipação que o Luisão não vai conseguir tirar a bola em cima da linha de golo ou que o Quim não vai defender aquele penalty. A desilusão é ainda maior visto que estamos a assistir à inevitabilidade da desgraça, a um esforço inútil e inglório "podes sair daí, Quim, não vais defendê-la". As coisas boas perdem a piada toda visto que antes daquele lançamento lateral já sabemos que a jogada vai acabar o golo, retirando-nos a emoção (quase) orgásmica de um golo da nossa equipa. As pessoas que fazem isto são umas bestas e mereciam ser protagonistas de um filme porno com o Marcelo Caetano! Os cafés onde estas pessoas estão deviam ter um aviso de "spoiler alert".
Por outro lado, provam-nos que o livre arbitrio é essencial para a nossa felicidade.
Que piada tem a vida se já soubermos o que vai acontecer com 5 segundos de avanço?
Triste de quem não dá o livre arbítrio como garantido: fatalistas em relação ao futuro, refreados em relação às emoções.
(No café onde eu estava a ver o jogo, houve uma besta que estava a ouvir rádio que se lembrou de anunciar, numa jogada a meio campo, o golo do Benfica. Se por um lado o tipo consegiu estragar-me o prazer de apreciar devidamente o golo da minha equipa, por outro lado deixou-me ainda mais desiludido quando a jogada acabou por não dar em nada... Poucas vezes odiei tanto uma pessoa como naquela altura... Logo a seguir outra besta encarregou-se de anular um golo limpo ao Benfica e, diga-se de passagem, consegui odiá-lo ainda mais... O livre arbítrio é bom, mas devemos ter cuidado ao usá-lo... Não podemos ter a pretensão de querer mudar o passado... A bola estava lá dentro, eu sei que a vontade do árbitro era defendê-la ele próprio, não conseguiu... Nem tudo corre como nós quremos... É assim a vida... Deixava passar e estava tudo bem... Quis abusar do livre arbítrio e foi o que deu...)
A gerência deseja a todos os frequentadores deste estabelecimento um Feliz Natal, se não nos virmos antes! (imaginem que isto está escrito numa montra com aqueles sprays de neve artificial e com umas luzinhas à volta que é para ficar mais bonito)
É incrível o efeito que uma ambulância provoca no trânsito em hora de ponta. É muito semelhante ao efeito que o Moisés provocou no Mar Vermelho (pelo menos como eu o imagino). É impressionante a maneira como estas criam espaço onde ele não existe...
Hoje em dia, o mais próximo que podemos estar de alguém que adivinha o futuro é estar a ver um jogo de futebol na televisão ao pé de alguém que está a ouvir o mesmo jogo no rádio. É das coisas mais execráveis que se podem fazer a alguém! E, mais importante do que isso, faz-me prezar cada vez mais o livre arbítrio em que firmemente acredito. Basta os tipos estarem 5 segundos adiantados em relação a nós para estragarem completamente a experiência de ver um jogo de futebol: em relação às coisas más retiram-nos toda a esperança, já sabemos por antecipação que o Luisão não vai conseguir tirar a bola em cima da linha de golo ou que o Quim não vai defender aquele penalty. A desilusão é ainda maior visto que estamos a assistir à inevitabilidade da desgraça, a um esforço inútil e inglório "podes sair daí, Quim, não vais defendê-la". As coisas boas perdem a piada toda visto que antes daquele lançamento lateral já sabemos que a jogada vai acabar o golo, retirando-nos a emoção (quase) orgásmica de um golo da nossa equipa. As pessoas que fazem isto são umas bestas e mereciam ser protagonistas de um filme porno com o Marcelo Caetano! Os cafés onde estas pessoas estão deviam ter um aviso de "spoiler alert".
Por outro lado, provam-nos que o livre arbitrio é essencial para a nossa felicidade.
Que piada tem a vida se já soubermos o que vai acontecer com 5 segundos de avanço?
Triste de quem não dá o livre arbítrio como garantido: fatalistas em relação ao futuro, refreados em relação às emoções.
(No café onde eu estava a ver o jogo, houve uma besta que estava a ouvir rádio que se lembrou de anunciar, numa jogada a meio campo, o golo do Benfica. Se por um lado o tipo consegiu estragar-me o prazer de apreciar devidamente o golo da minha equipa, por outro lado deixou-me ainda mais desiludido quando a jogada acabou por não dar em nada... Poucas vezes odiei tanto uma pessoa como naquela altura... Logo a seguir outra besta encarregou-se de anular um golo limpo ao Benfica e, diga-se de passagem, consegui odiá-lo ainda mais... O livre arbítrio é bom, mas devemos ter cuidado ao usá-lo... Não podemos ter a pretensão de querer mudar o passado... A bola estava lá dentro, eu sei que a vontade do árbitro era defendê-la ele próprio, não conseguiu... Nem tudo corre como nós quremos... É assim a vida... Deixava passar e estava tudo bem... Quis abusar do livre arbítrio e foi o que deu...)
A gerência deseja a todos os frequentadores deste estabelecimento um Feliz Natal, se não nos virmos antes! (imaginem que isto está escrito numa montra com aqueles sprays de neve artificial e com umas luzinhas à volta que é para ficar mais bonito)
5 comentários:
Boa noite, espero que o teu Natal tenho sido como um bom anúncio da Coca-Cola! Eu passei grande parte da quadra natalícia a vender café ao som do Bryan Adams e da Celine Dion (roí-te de inveja).
P (Woody)- Porque te sujeitas a isso, Bob?
R (Bob) - Quero uma XBox 360.
Gosto do teu blog, mas falta incluir, entre os posts, poesia coreana e fotos do pôr-do-sol visto do estaleiro nº 4 da Lisnave - aceita esta sugestão antes que um intelectual qualquer se lembre do mesmo.
Não percebo esta moda das revistas em publicar artigos sobre imbecis no Estado Novo na intimidade...! Qualquer dia temos nessas revistas a intimidade dos gajos da PIDE que torturaram o Álvaro Cunhal! :S
Bob,
A que anúncio da Coca-cola te estás a referir? Àquele em que metem uma moedinha na máquina e em que esta entra num universo paralelo fascinante, de onde vêm as garrafas de coca-cola? Não bebi o suficiente para ter um Natal assim... Sabes como é que é? O Natal é uma festa de família e tal... O meu Natal foi mais como aquele reclamo da ice tea, em que aparecia o Tom Selleck no deserto australiano, cheio de sede e aparecia um camião de ice tea... Tudo isto sem o tom selleck, o camião de ice tea e o deserto australiano... Como vês, foi espectacular!
Pelo menos melhor que o teu...
P (Eu): Bob, uma XBox 360 compensa ouvir Bryan Adams e Celine Dion?
R (Tu): (sem palavras)
Pois, logo vi...
Acho que amanhã vou acordar bem cedo para apanhar o lusco-fusco na refinaria da Petrogal em Matosinhos... É magnífico...
Quanto ao poema, deixo-te aqui este haiku, que tanto me tocou e, se bem te conheço, também te tocará:
"Nikarau Wata, ka sojiku, rikijina, sá uatarawa"
Lindo, não é? É pena não vir com caracteres originais, mas este teclado não dá... De qualquer maneira, pela fonética chegas lá :p
Grande abraço
Lu.a
Por acaso discordo de ti. Estas coisas são tão complexas que quanto mais lados da história conhecermos melhor. Só assim temos uma perspectiva o mais completa possível da história. Embora a entrevista à filha do Marcelo Caetano não tenha acrescentado muito, deixa claro que ele, por ele, tinha feito a transição democrática, só que o regime já estava tão viciado que ele acabou por ser o homem errado no lugar errado. Quando o outro caiu da cadeira acabou o regime...
Bom, o teu ponto de vista faz todo o sentido, sem dúvida!
Acho que fiquei (ainda mais) alérgica a tudo oque se relaciona com o Antigo Regime desde que, o ano passado, Salazar foi eleito o melhor português de todos os tempos e de repente entrou-se numa fase em que eram só artigos nas revistas, nos jornais e livros sobre o outro lado da vida do homem que caiu da cadeira! Arre! Aquilo já me irritava!
E para além disto tudo, confesso, nunca me interessei pelo "outro lado", supostamente humano, do Salazar ou do Marcelo, simplesmente não me puxa. Obviamente ter tido um avô "revolucionáro" que foi preso 3vezes pela PIDE e que toda a vida presenteou o Salazar com nomes "agradáveis" como cabrão (e isto era o mais leve, lol) também ajudou à minha "festa" anti Estado Novo, lol!
O teu avô é o maior! Admiro mesmo as pessoas que, nessa altura, tiveram a coragem de lutar pelos seus ideais e pela democracia. Era preciso mesmo muita coragem... E as histórias desse tempo emocionam-me muito!
Abomino também qualquer opinião favorável ao Estado Novo. Como é que é possível elogiar um regime que impedia a liberdade de expressão, que procurava manter-nos "burros" para nos controlar, que prendia, que torturava, que promovia uma guerra inútil que só serviu para destruir a vida de jovens dos dois lados da barricada, que nos atrasou culturalmente e economicamente... Isto só para enumerar algumas coisas muito rapidamente...
Também me entristeceu que o Salazar tivesse ganho um concurso de televisão (teria achado alguma piada se esse concurso fosse, por exemplo, o "ídolos" ou o "momento da verdade"). Por um lado acho que a esmagadora maioria desses "votantes" foram os energúmenos de extrema direita, pessoas que, por elas, até nem votariam, mas como era por telefone e podiam votar mais do que uma vez até o fizeram, por outro lado as pessoas agarram-se a uma suposta maior segurança no tempo do Salazer... Argumento, para mim, incompreensível... Todo o feedback que tenho é que, hoje em dia, estamos muito melhor. Mesmo com alguns problemas... Mas muito melhor. E mesmo que não estivéssemos, acredito que o facto de vivermos numa democracia permite-nos lutar por algo melhor. Algo que no tempo do Salazar não acontecia.
Além disso que o Grande Português teria que ser alguém ligado aos Descobrimentos, o nosso grande feito enquanto país (Vasco da Gama, Infante D. Henrique ou D. João II) ou alguém ligado à literatura (Fernando PEssoa ou Luís de Camões). Nunca um politicozeco manhoso e quase irrelevante tendo em conta a grandeza da nossa história.
Se leres um post que escrevi há uns tempos sobre o Salazar e o Digo Morgado ficas a perceber um bocado a minha opinião sobre a ditadura.
Concordo plenamente com a tua aversão ao Estado Novo!
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