sexta-feira, 23 de maio de 2008

O grande líder



Interrompo esta minha longa ausência para falar sobre George W. Bush que, como sabemos, é conhecido pela sua imitação hiper realista de um chimpazé a guinchar depois de levar com um coco no meio da cabeça. No entanto há algo que muitos de nós desconhecemos sobre este senhor: ele é Presidente dos Estados Unidos da América (um país que fica no continente americano). É fácil esquecer este facto devido às suas grandes prestações como imitador de chimpazés que acabam por abafar todos os outros feitos deste senhor mas não é de Bush imitador, sobre o qual já tanto foi dito que vou falar (para quem se interessa por esta faceta de Bush recomendo a obra "Man or Monkey" do jornalista do New York Times John McStevenson). Vou falar sobre essa faceta mais obscura desta personalidade que é a sua faceta de Presidente.

Bush é Presidente de um país que está em guerra. Facto facilmente comprovado pela multiplicação de campos de refugiados em Beverly Hills, no Upper East Side de Manhattan e em Miami Beach. É um país que está em crise, que sofre muito com a guerra que está a atravessar e a quem são exigidos imensos sacrifícios. É um povo que está de parabéns pela sua coragem e pela maneira audaz com que enfrentam esta guerra. É comovente ver na televisão todos aqueles habitantes de Orange County, esfomeados, com as suas senhas de racionamento, a aguentar corajosamente nas filas, sobrevoadas por abutres que esperam que o primeiro deles caia inanimado. No entanto, é preciso fazer justiça ao seu líder! Todos estes esforços são mais fáceis quando se tem um líder corajoso, que é o primeiro a dar o exemplo e que se junta ao seu povo no tremendo sacrífico que lhes é pedido...

Pois é, aquele que tanto nos anima com a sua imitação de um chimpanzé enraivecido, juntou-se ao sofrimento do seu povo e fez o último dos sacrifícios: deixou de jogar golf!
Não consigo imaginar o sacrifício de alguém que passa 4 anos sem jogar golf... Fico comovido ao imaginar o orgulho daquele veterano da guerra do Iraque que perdeu as pernas e os braços e que apresenta lesões neuronais que o impedem de pronunciar 3 palavras seguidas ou o orgulho daqueles pais que perdiram os seus filhos gémeos perante este acto do seu Líder: "ele está a sofrer connosco" dizem eles com a lágrima nos olhos. Imagino o temor do povo do Iraque, esses facínoras, perante um inimigo que consegue abdicar desse bem tão precioso e imprescindível que é uma partidinha de golf semanal: "Se ele foi capaz de fazer isto nem imagino o que fará connosco!" grunhem eles enquanto disparam tiros de metralhadora para o ar.
Há quem diga que o esforço é exagerado (um grupo de veteranos fez uma manifestação há uma semana a pedir para Bush acabar com o seu sofrimento... "Nem nós sofremos tanto" gritavam eles do alto das suas cadeiras de rodas), há até quem diga que tudo isto é bluff (o que é mentira visto que não há qualquer registo de entrada no seu Country Club desde Março de 2003... o que comprova o estóico esforço deste homem abençoado pelas estrelas) mas ninguém pode negar que quando vir este homem a imitar um chimpanzé pigmeu vai vê-lo com outros olhos, vai vê-lo como um grande líder que imita de forma sublime um chimpanzé. Ganhou, definitivamente, o seu lugar no Olimpo dos Grandes Líderes!

6 comentários:

Anónimo disse...

Tendo em conta as suas semelhanças com os nossos primos símios, talvez fosse um sacrifício maior deixar de comer bananas. Ou pistachios, ouvi dizer que ele gostava de pistachios.

Woody disse...

Apesar de não imaginar sacrifício pior do que abdicar do golf, acho que deixar de comer o que quer que fosse também era uma boa ideia...

Anónimo disse...

O texto ta bom, ok, engraçado q.b., tens algum jeito :) Mas na tua demanda pelo graal do non-sense tens de te lembrar duma coisa: a realidade demonstra uma criatividade e queda para o ridículo que tu, enquanto pessoa borderline equilibrada, não consegues atingir. Resta-te trabalhar como até aqui, produzir estas grandes esculturas humorísticas, a partir da riqueza de tais matérias-primas. Depois do riso apetece-me é indignação. Depois disso vem algo, queres fazer parte da Revolucion? :)

Woody disse...

Confesso que o teu comentário me deu que pensar... Concordo com a questão de a realidade superar tudo aquilo podemos considerar absurdo ou non sense. Ainda ontem falava com um amigo sobre o livro "Contra todos os inimigos" de Dick Clarke (o responsável pela área do contra-terrorismo desde o tempo de Reagan no National Security Council) em que este revela que uma das primeiras reacções de Bush ao 11 de Setembro foi, depois de fugir e de berrar pela mamã, dizer que queria atacar o Iraque. Sem nenhuma investigação nem fundamento o homem quis foi atacar o Iraque... Acho que é difícil imaginar uma situação tão non sense como esta. Daria um belo sketch dos Monty Python, em que um raivoso John Cleese procuraria a todo o custo atacar um país só porque sim... Se não fosse algo tão sério, era uma situação hilariante! E como o non sense está em todo lado, posso dar um exemplo do outro lado da barricada: o facto de os tipos da Al Qaeda terem ganho nome a reivindicar atentados que não foram eles que fizeram, as suas idas ao Afeganistão em que iam para a guerra não para a ganhar mas para tentarem ser mortos (que implicava não fugirem das bombas ou não usarem camuflagem) ou o facto de odiarem veementemente todos os que não pensam como eles, sem terem em conta que acreditam em coisas tão ridículas como num harém de virgens para os que se rebentam com bombas... É tão assustador como non sense! O Homem é perigosamente non sense (o que nem sempre é mau), o que torna muito inglória essa demanda pelo Santo Graal que referiste... A realidade é a matéria-prima de toda a arte é que não podemos fugir do facto de que vivemos na realidade. Tentarmos superá-la é inglório...
Obrigado pelos elogios! Não tenho tido muito tempo/paciência para o blog, logo acho que estes últimos textos não são grande coisa... Não gosto muito de escrever sobre suspeitos do costume como Bush, Santana Lopes ou Cláudio Ramos... São personalidades já de si capazes de fazer coisas tão ridículas que gozar com eles é um caminho tão fácil que prefiro evitar... Às vezes lá tem que ser...
Não percebi exactamente o que queres dizer com revolução mas, como não tenho muito que fazer, onde é que me posso inscrever?

idadedapedra disse...

inscrições para uma revolução? também quero!

Os grandes líderes são capazes de coisas que o ser humano normal não é... deixar de jogar golf, deixar de fumar... deve ser por isso que chegam a líderes

Woody disse...

Olá! Bem-vinda ao blog e, quem sabe, à revolução!

Muito bom paralelismo! Nem tinha pensado nos próprios sacríficios do nosso grande líder... Estamos habituados à ideia de que o estrangeiro é que é bom quando temos exemplos excelentes no nosso país, neste caso particular, de sacríficio em prol dos cidadãos!