Eu tinha avisado que isto era estúpido...
O quê? Fazer uma mini-série centrada nas aventuras sexuais do nosso ditador seminarista e homossexual latente em potência?
Sim, também...
Escolher o Diogo Morgado para fazer o papel do nosso ditadorzeco?
Sim... Vamos ver o que isto de aplicar a fórmula "O Crime do Padre Amaro" ao Estado Novo dá...
Muitos podem pensar que esta atitude da minha parte é só ressabianço por não terem escolhido o Luís Aleluia (Tonecas) para o papel do Salazar. Admito que não gostei disso e que ainda dói cá dentro... Mas a questão não é essa! Só a ideia de imaginar o Salazar/Diogo Morgado enrolado com a Soraia Chaves dá-me uma volta ao estômago... A minha única consolação é que o próprio tirano das botas, ao ver-se enrolado com a Soraia Chaves, teria um enfarte do miocárdio (não sem antes se benzer três vezes).
É nestas alturas que eu gostava de acreditar na vida depois da morte. Se eu acreditasse que o Salazar estava a ver esta série lá de baixo do Inferno como forma de tortura até eu ficaria agarrado ao televisor... Pathos...
A ver pelo crescente sucesso televisivo que o Salazar tem tido ultimamente se, depois disto, o Diogo Morgado se candidatar a qualquer cargo político é bem capaz de conseguir... Basta fazer a voz de velha do Salazar e é vitória garantida. Se o nosso primeiro-ministro foi considerado o 6.º mais charmoso do Mundo, imaginem o que não seria se o Diogo Morgado fosse eleito Presidente da República... A nossa política ganharia todo um novo fôlego: "Somos incompetentes, corruptos e prepotentes... mas giros que nos fartamos...". Acho que é disto mesmo que a nossa política precisa...
3 comentários:
O que me preocupa nem é tanto a inverosimilhança, sabendo nós da proximidade suspeita entre o Salazar e o Cardeal Cerejeira. O que me preocupa - se calhar 'irritar' é o verbo correcto - é que já não se pode ver esse Diogo Morgado à frente. Não estou a pôr em causa o talento do moço, mas epa, ele está em tudo! Era como a Floribella que até nos anúncios da Danoninho entrava. Eventualmente, o rapaz tem de tirar umas férias e dar um merecido descanso ao pessoal.
Oh Woody, sintetizadores em forma de guitarra? Ok, confesso, na altura também achava aquilo o máximo lol Os anos 80 foram uma vergonha para toda a gente; a minha irmã até escondeu as fotos dela dessa altura :P
Ah, e desafio nas poptarts :D
Se insinuassem a homossexualidade do Salazar, a malta do clube de fãs caía-lhes toda em cima... Como andar com a Soraia Chaves já é de homem, eles nem se importam... Aquela mesquinhez só pode ser sintoma de uma homossexualidade reprimida...
É verdade! O Diogo Morgado está em todas! E normalmente, tudo em que ele se mete dá flop... Deve ter grande cunha na Sic. Apesar de não ser habitual ver os programas dele consigo lembrar-me de 5 coisas onde ele entrou ultimamente...
Acho que as orquestras sinfónicas deviam começar a pensar seriamente em trocar as harpas pelos orgãos em forma de guitarra... Diz lá se não tinham logo outra pinta.
Os anos 80 envergonham muita gente... Mas também tiveram algumas coisas boas (mesmo musicalmente): a guerra fria, os Smiths, o movimento punk (não é bem anos 80 mas prolongou-se)... Aquelas roupas / penteados...
Também não gostei da escolha do protagonista nem da série.
Para começo de conversa Diogo Morgado não é capaz de interpretar o Salazar de 60 anos, o que não é de estranhar num jovem actor.
Mas o que me incomoda é o facto de Salazar não ter sido tratado da forma e com o estatuto que merece. Não me entendam mal uma vez que estou muito longe das ideias do ditador (ultra-conservadoras, retrógradas, anti-democráticas, cinzentas e, como em as de todos os ditadores, castradora dos sonhos dos homens) e considero que o estado novo foi responsável pelo nosso atraso social e cultural.
Salazar não é, seguramente, o melhor português de sempre mas foi uma figura marcante do século XX. Merece outro tratamento.
O Salazar que muitos contestaram, tendo sido alvo de prisão, tortura e morte, não é este mostrado na série. O menino Antoninho talvez tenha sido retratado, mas o Oliveira Salazar…
Por outro lado, esta vertente de Don Juan nem sei se é muito interessante descontextualizada. Embora todos os pretextos para ver a Soraia Chaves em cenas de amor sejam válidos… eheheh
Na cena do atentado à bomba, faltou uma frase que é atribuída ao ditador e, a ser verdade, mais reveladora desta pessoalidade do que toda a série. Imediatamente após o atentado Oliveira Salazar sacode-se e diz: “Bom, já que não morri vou trabalhar.”
Gostei muito da Margarida Carpinteiro.
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