10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... 0!
Já posso? Então aqui vai.
Se eu pudesse, pegava no ano de 2008, barrava-o de Tulicreme e atirava-o para um ninho de formigas assassinas, enquanto o pontapeava nos zeros (2008), principalmente no da direita que é o mais sensível. Esperava que as formigas, as vespas e as ratazanas, que entretanto chegariam ao local, fizessem o seu trabalho com o Tulicreme e com as zonas mais sensíveis do corpo de 2008, nomeadamente as verilhas e aquela parte atrás dos joelhos, só para dar dois exemplos, pegava nele, prendia-lhe um gancho à parte de cima da cabeça, amarrava uma ponta de uma corda ao gancho e a outra ponta ao pescoço de uma avestruz. A seguir, pedia a um amigo meu que é um Índio Sioux (o Arranca Tampas na Madrugada) para, com um x-acto, cortar, bem cortadinho pelo picotado, o escalpe a 2008 e mandava um pontapé à avestruz. Enquanto esta pitoresca ave corria às voltas com a tampa de 2008, despejava duas garrafas de vodka no crânio desprotegido do maldito ano em que se realizaram os Jogos Olímpicos de Pequim e deitava fogo. Encostava-me a uma árvore, a saborear o restinho da garrafa de vodka, a apreciar a agonia e o desespero do maldito ano que vem logo a seguir a 2007. Há coisas pelas quais vale a pena viver...
Para descansar um bocadinho, colocava este ano que passou numa sala de privação sensorial, toda branca com paredes almofadadas. Amarrava-o a uma cadeira e colocava uma televisão à sua frente. Aí, o ano em que foi eleito o Primeiro Presidente Negro dos EUA, seria obrigado a assistir, durante 24 horas por dia, durante 6 meses, a um talk show em que a Maya, o Cláudio Ramos, o Fernando Mendes, o Manuel Luís Goucha e o Miguel Sousa Tavares discutem pesca, curling e a vida romântica do Cristiano Ronaldo, com banda sonora de André Sardet e com um cenário com a imagem de Jorge Nuno Pinto da Costa todo nu, a ver-se tudo e, colocado de maneira a que, em cada close up do Cláudio Ramos se consiga ver com muito, e quando digo muito é mesmo muito, detalhe as partes íntimas do Presidente do FCP. Tanto quanto é possível descortiná-las, obviamente. O José Castelo Branco podia ir aparecendo de vez em quando para fazer um strip e para rezar o terço (intercaladamente ou simultaneamente) para desenjoar um bocadinho.
Depois de tudo isto, vestia o ano de 2008 de Bob Marley, com pintura e tudo, e mandava-o para um comício do PNR. Deixava os carecas fazerem o seu trabalhinho e, para finalizar, arranjava um caixão revestido a pregos e enterrava o ano de 2008 vivo.
"Ah, então vais deixá-lo morrer assim. Coitado, não se deve enterrar ninguém vivo... Já devias saber isso!". É verdade. Eu sei. Têm toda a razão. Ele não mereceria o acto de misericórdia de o deixar morrer. Arranjava maneira de este ter sempre o mínimo de oxigénio e alimentava-o por via intravenosa. Deixava-o estar lá um ano. Assim, enterrado vivo, na escuridão, sem se mexer e em contacto permanente com aguçados pregos. É coisa para doer. Depois deixava-o ir embora e dizia-lhe:
- É para aprenderes! Nunca mais te metas comigo!
2009, considera isto um aviso. Eu sei que ainda mal começaste e que ainda muita coisa pode acontecer. Se te portas mal, é isto que te faço... No mínimo...
Um pouco doentia e macabra, esta descrição. Concordo. Mas fez-me bem vingar-me deste malfadado ano, que correu mal do primeiro ao último segundo.
9 comentários:
E eu ainda o esfolo por cima de morto se este não se puser a pau ;)
Que tenhas um bom 2009 ou pelo menos melhor que 2008 (já reparei que não é nada difícil).
P.S. - É um comentário cliché mas vem cá de dentro.
Beijinhos**
Safa rapaz, 2008 correu-te mesmo mal!! Tu deita isso tudo cá para fora, exorciza o que te vai na alma, lol!
E olha, tal como a Tari, espero sinceramente que 2009 seja melhor (o que claramente não vai ser díficil!)
Tari e Lu.a
Muito obrigado! 2008 não foi um ano globalmente bom mas também não foi assim tão mau como o post é capaz de transmitir...
Achei engraçada a ideia de, da mesma maneira que se dá as boas vindas a um ano como se este fosse uma pessoa, seria perfeitamente possível espancar um ano ao mesmo tempo que se ameaça outro... Acho que 2009 ficou um bocado sem resposta...
Além disso acho piada ao exercício de tentar responder a perguntas como:
"O que é que se pode fazer de pior a uma pessoa?"
"Qual é a coisa pior que se pode fazer a uma pessoa?"
"Qual é a coisa mais absurda que podia acontecer neste momento?"
"Que coisas impossíveis é que eu podia tentar fazer?"
...e por aí fora...
Muitos dos meus posts baseiam-se neste exercício...
Beijinhos**
Ai, e eu a pensar que o meu 2008 tinha acabado mal... :P
Espero sinceramente que 2009 te corra melhor.
Gostei da escrita. :) Parabéns pelo blog
Acho que devíamos degolar 2008 e espetar a cabeça dele no adro da igreja como aviso ao 2009. Só para ele saber o que o espera se tiver um ataque de chicoespertismo :P
Sanxeri
Bem-vinda! O meu ano não correu assim tão mal... Mas qualquer ano em que não consgia mudar o Mundo é um mau ano...
Mas não posso ser assim tão mal agradecido... Como disse, da mesma maneira que se dá as boas vindas a um ano, achei engraçado espancar o ano que passou...
Obrigado pelas tuas palavras e volta sempre :)
Lothlorien
Nem me tinha lembrado disso mas acho que seria uma boa garantia de que o ano de 2009 não se ia esticar muito... Talvez valesse um euromilhões :p
ó Woddy Allen e se fosses para a porta do estádio da luz contemplar a estátua do eusébio. Era fixe e assim deixavas de fazer figuras patetas na blogosfera.
Viva! Gostei muito deste texto, principalmente pelo desfecho em forma de ultimato. Vi a este blog há uns dias e escrevi um texto inspirado no nome do teu blog. http://cutchi-cutchi.blogspot.com/2009/01/o-curta-unhas.html
Não sei se faz o teu estilo, mas (nem que seja pelo título) alguma coisa terá a ver contigo, o que faz com que tenhamos alguma coisa em comum.
Passarei cá mais vezes.
Abraço!
Anónimo, posso chamar-te Amândio, não posso?
Meu caro Amândio,
Adorava seguir a tua sugestão, nunca é demais o tempo que se passa a contemplar a estátua do Eusébio.
Até te digo uma coisa, Amândio, se eu fosse um pombo passava lá a vida e fazia questão de ir fazer cocó ao Estádio de Alvalade, tal a admiração que tenho pela dita estátua que ela representa. Infelizmente o emprego que arranjei não me permite esses luxos e nem um dia por semana consigo passar a contemplar a estátua do Eusébio... Com muita pena minha há uns anos que não vou ver um jogo ao Estádio da Luz...
Felizmente a blogoesfera permite-me fazer figuras de pateta à vontade, assim como permite a bestas como tu andar a chatear os que andam a fazer figura de pateta... É a democracia, meu caro Amândio...
Balbino
Obrigado pelas tuas palavras e é uma honra que tenhas escrito um texto inspirado no nome do meu blog. Não que me considere um representante dos corta-unhas mas por servir de inspiração a alguma coisa. É uma coisa boa da blogoesfera, a partilha de experiências. Ainda não tive oportunidade de o ler porque estou a aproveitar um intervalozinho de 5 minutos do trabalho para responder e não conseguiria dar-lhe a devida atenção, mas certamente que o farei!
Aparece sempre!
Abraço
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