segunda-feira, 27 de junho de 2011

A sabedoria


Não ponhas o carro à frente dos bois...

...a não ser que uma manada de bois corra na tua direcção e isso seja a única maneira de te protegeres. E um carro pode não ser suficiente... Se possível, tenta pôr outras coisas à frente dos bois. Um iate de 300 metros ou uma réplica exacta da Estátua da Liberdade podem salvar-te a vida.

Filho de peixe sabe nadar.

Mas não tem a capacidade de compreender provérbios, logo não se vai sentir tocado pelo elogio.

O que não mata, engorda.

E o que engorda pode eventualmente matar por rebentamento. Logo, o que não mata, também mata.

Quem tem cu tem medo.

É verdade. A operação de extracção de cu tornou-se comum em pessoas que pretendem levar a cabo acções que impliquem muita coragem, como subir o Evereste ou lutar contra um urso polar. A ausência de cu anula o efeito paralisante que o medo pode ter neste tipo de situações. Tem algumas desvantagens como por exemplo, tornar extremamente doloroso o acto de sentar.

O ladrão volta sempre ao local do crime.

Para quê? Este pedaço de sabedoria popular terá dado origem a quantos polícias incompetentes?

Morto por morto, antes a velha que o porco.

Discordo. Se é para optar, prefiro que morra algo a partir do qual se possa fazer rojões.

Quem tem boca vai a Roma.

Este provérbio originou a criação de uma nova política alfandegária em Roma, que impede a entrada de pessoas sem boca (e pinipons) nesta cidade. Pessoas sem boca (e pinipons) que queiram visitar Roma têm de o fazer clandestinamente. O que não é muito difícil, já que todos os caminhos vão lá dar.

Mulher que assobia, ou capa porcos ou atraiçoa o marido.

Não tem qualquer rima e é uma afirmação categórica do tipo "Se A então B ou C", logo, deve ser verdade. É o tipo de provérbio que dito com um tom de sabedoria nos vai fazer passar por especialistas em comportamento feminino e que nos permitirá fazer sucesso numa festa de talibans.

A cavalo dado não se olha o dente.

Este provérbio não deve ser interpretado como um incentivo a que analisemos a dentição de todos os cavalos que não nos sejam oferecidos. Deixemos essa preocupação para os dentistas de cavalos.

Em Coimbra, um lavrador a quem ofereceram um cavalo, observou-lhe os dentes, tal como é recomendado pela sabedoria popular, e prescreveu-lhe um aparelho fixo. O aparelho fixo afectou profundamente a vida deste cavalo, que se tornou alvo de gozo entre os seus parceiros e pouco apetecível para as fêmeas. Veio-se a descobrir que o cavalo afinal não precisava de um aparelho fixo. Precisava apenas de uma limpeza. Mas o dano estava feito e um aparelho fixo para cavalos não é nada barato. É quase tão caro como um T2 em Ermesinde.

Tudo está bem, quando acaba bem.

Tanto quanto é possível aplicar um verbo no presente ("está") a algo que acabou, ainda que bem.

Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer.

O meu amigo Rogério deita-se cedo e acorda cedo todos os dias. Mas nem isso o fez crescer, nem, tão pouco, lhe deu saúde. O Rogério é anão, sofre de asma e tem alergia aos amendoins.

O último a rir é quem ri melhor.


O meu amigo João é sempre o último a rir porque é sempre o último a perceber as piadas. E mesmo quando não as percebe, ri-se por imitação. Além disso como sofre dos adenóides tem um riso que vai puxar demais à garganta e termina sempre com um rosnar suíno. Diria que o João é a pessoa que tem o pior riso do Mundo quer no que diz respeito ao timing, quer no que diz respeito à estética. É uma pessoa extremamente irritante no cinema.


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